sexta-feira, 25 de abril de 2014

Impactos no SUS relacionados ao esgotamento sanitário no Brasil

O Instituto Trata Brasil (ITB), por meio da pesquisadora Dra. Denise Kronemberger, elaborou um trabalho que relaciona o saneamento básico inadequado e as doenças.
Muito diferente do que algumas pesquisas da OMS, onde são apontados que a cada R$ 1 investido em saneamento, há economia de R$ 4 na área de saúde, a pesquisa elaborada pelo ITB estima que a cada R$ 1 investido em saneamento gera a economia de aproximadamente R$ 40 nos custos de internação por diarreia.
O gasto de internação das cinco melhores cidades x o gasto de internação das piores em saneamento variam bastante.



Mais uma vez "Ter ou não acesso a uma água de qualidade e um bom sistema de coleta e tratamento de 
esgotos faz toda a diferença para afastar estas doenças que sobrecarregam o sistema de saúde,
ocupam milhares de leitos hospitalares, afetam as crianças e as cidades como um todo."


domingo, 6 de abril de 2014

Elevatórias de sistemas de esgotos sanitários

Este texto foi elaborado por:
Diego de Oliveira Martins
Paula Duarte Sihcão Queiroz
Rune Siqueira Rocha Filho
Discentes do 4º ano do curso de Eng. Civil, UFMT, Barra do Garças


Resumo: Após sair da rede de esgoto doméstica o efluente deve seguir até a estação de tratamento, mas não sem antes passar por uma série de ramais residenciais e por tubulações maiores, até o interceptor de esgoto. Recebe  volume cada vez maior de resíduos sólidos e líquidos e, em alguns momentos, é necessário que haja o bombeamento desse conteúdo pela tubulação. Todas as vezes que por algum motivo não seja possível, sob o ponto de vista técnico e econômico, o escoamento dos esgotos pela ação da gravidade, é necessário o uso de elevatórias, para elevar o esgoto de um ponto para outra de cota normalmente mais elevada. Serão discutidos os principais tipos de bombas utilizadas nas estações elevatórias de esgoto. Neste artigo será abordado um estudo de caso a respeito do sistema de elevatórias de Araguari-MG, que incluirá discussões sobre os custos de operação e manutenção de estações elevatórias de esgoto.


Palavras chave: Estações elevatórias, esgotamento sanitário, saneamento básico, custo, estudo de caso.

Estação elevatória de esgoto (EEE)
Essas unidades de bombeamento são construídas para bombear a água e os resíduos de tubulações profundas, que exigem a necessidade de um equipamento para transpor essa profundidade, ou ainda quando existe baixa declividade ou porção elevada do terreno para assim permitir que a gravidade volte a atuar no transporte do esgoto até as estações onde será tratado.
Uma estação elevatória de esgoto também age na retirada de parte desses resíduos sólidos. Isso porque, em dado momento, a quantidade de sólidos atinge um volume capaz de provocar entupimentos e causar outros danos às tubulações. Por isso toda a rede de esgoto está equipada com dispositivos que permitem a retirada de sólidos do sistema.
A estação elevatória de esgoto deve ser equipada com dispositivos de pré-tratamento como grades, barras ou cestos. São normalmente operadas pelas próprias empresas de saneamento e têm outra importante função ligada ao meio ambiente. Em muitas situações elas são necessárias em áreas próximas a mananciais, impedindo a contaminação desses locais, além de desviar o curso do esgoto.

A elevação do esgoto pode ocorrer quando:

  • A profundidade do coletor é superior ao valor limite do projeto
  • Existe necessidade de a rede coletora transpor obstáculos naturais (como rio ou serra) ou artificiais (como avenida ou metrô);
  • O esgoto coletado necessita passar de uma bacia hidrográfica para outra;
  • O terreno não apresenta condições satisfatórias para assentamento da rede coletora, como áreas alagadas ou afloramentos rochosos;
  • Existe necessidade de elevação do esgoto coletado para unidade em cota mais elevada, como na chegada da estação de tratamento de esgoto ou da unidade de destino final.

São partes componentes da EEE:

  • Dispositivos de entrada;
  • Unidades de remoção de sólidos;
  • Medidor de vazão;
  • Poço úmido;
  • Conjunto motor e bomba e suas tubulações (sucção e recalque)
  • Poço seco.
As EEEs são utilizadas em condições técnicas que requerem condutos forçados, o que reflete nos custos de construção. Os processos inerentes são:
  • Aquisição de equipamentos;
  • Operação;
  • Consumo de energia;
  • Manutenção (reparos em equipamentos eletromecânicos);
  • Conservação e garantia de funcionamento do sistema;
  •  Possível desapropriação de área urbanizada.

O que se seguirá no texto será o comentário acerca das bombas mais comumente utilizadas nas estações elevatórias de esgoto.

Tipos de conjuntos moto-bombas para esgotamento sanitário

Bomba centrífuga 
É o equipamento mais utilizado para bombear líquidos. É utilizada no saneamento básico, na irrigação de lavouras, nos edifícios residenciais, na indústria em geral, elevando, pressurizando ou transferindo líquidos de um local para outro.

O rotor de uma bomba centrifuga é uma turbina que cede energia para o fluido à medida que este escoa continuamente pelo interior de suas palhetas. Embora a força centrífuga seja uma ação particular das forças de inércia, ela dá o nome a esta classe de bombas. A potência a ser fornecida é externa à bomba. A transferência de energia é efetuada  por um ou mais rotores que giram dentro do corpo da bomba, movimentando o fluido e transferindo a energia para este. A energia é em grande parte cedida sob a forma de energia cinética a esta pode ser convertida em energia de pressão.

O fluido entra na bomba por um bocal de sucção. Do bocal de sucção, o fluido é encaminhado a um ou mais rotores que cedem energia ao fluido, seguindo-se um dispositivo de conversão de energia cinética em energia potencial de pressão. O fluido sai da bomba pelo bocal de recalque, A energia cedida ao fluido se apresenta sob a forma de diferença de pressão entre a sucção e o recalque da bomba. Em função desta transferência de energia é que podemos elevar pressurizar ou transferir fluidos.

Tipo de bombas centrífuga

Bomba centrífuga vertical: As bombas centrífugas verticais são, em sua maioria, construídas com eixos na horizontal. As bombas verticais possuem rotor  instalado na extremidade inferior de um eixo prolongado e  mergulhado no fluido. Esta construção é conveniente quando, por exemplo, é desejado elevar água de um rio ou lago sem submergir o acionador, geralmente um motor elétrico que não suporta a imersão . Estas bombas verticais são destinadas à instalação em um poço inundado com água.

Bomba centrífuga multi estágios: Uma bomba centrífuga que contenha mais de um rotor é uma bomba centrífuga multi estágios. Cada estágio fornece ao fluido determinada energia, de modo a se adicionarem. Havendo necessidade de maior energia - mais pressão - aumenta-se número de rotores dispostos em série. Os rotores podem estar montados no mesmo eixo ou, mais raramente, em eixos distintos.

Bombas parafuso

As bombas parafuso são capazes de bombear a vazões e elevações específicas de forma contínua, e podem funcionar tanto com energia mecânica quanto manual. As bombas consistem em um parafuso instalado com inclinação de 30, 35, 38, ou 40 com a horizontal em uma canaleta de concreto ou calha metálica fornecida como parte integrante do equipamento.
O equipamento pode ser construído em aço inoxidável ou aço carbono. Esta máquina originalmente era constituída por um parafuso colocado dentro de um tubo cilíndrico oco. Pode ser vista como um plano inclinado envolvido por um cilindro. À medida que a extremidade inferior do tubo rotaciona, este arrasta  determinado volume de água, que, conforme o veio roda, vai deslizando para cima ao longo do parafuso até sair pela extremidade superior do tubo.

Ejetores pneumáticos

Os ejetores pneumáticos são bombas de pequena capacidade (2 a 20 l/s) para emprego em unidades independentes, principalmente para esgotamento de subsolos de edificações que se situam abaixo do nível da rede coletora externa de esgotos. O esgoto líquido penetra através da válvula inicial, enchendo a câmara de recepção. Quando a água residuária alcança o nível máximo, a válvula é aberta através do acionamento provocado pela boia, impulsionando ar comprimido fornecido por um compressor acoplado, forçando o líquido acumulado através da válvula final visto que neste movimento a válvula anterior a ela ficará fechada. Quando o nível mínimo é atingido, a posição da válvula inicial se inverte dando início a novo ciclo. Cada ciclo dura em média um minuto quando o ejetor trabalha com sua capacidade máxima.
Ejetores pneumáticos são viáveis para esgotamento de alturas manométricas de 3 a 15 metros e de vazões de até 20 l/s, pois vazões maiores consumem muita energia com baixos rendimentos, inferiores a 15%.




Rotores

Os rotores dos motores assíncronos são constituídos por conjuntos de condutores colocados em pacotes de lâminas de ferro com espessura de 0,5mm cada lâmina, isoladas entre si por uma camada superficial de óxido de ferro e providas de furos que fornecem ranhuras ou canais nos quais os condutores são colocados. Em geral possuem de 3 a 5 canais por pólo e por fase. Nos motores de grande potência empregam-se múltiplos pacotes com espessuras de 10 cm cada, para melhor refrigeração interna e redução do aquecimento de todo o equipamento.  
O rotor induzido pode ser dos tipos: bobinado ou em anéis e de gaiola ou em curto-circuito. Quando em cada ranhura são colocadas barras e estas barras são soldadas em suas extremidades a um anel de cobre, conectando-as em curto entre si, tem-se o rotor de gaiola. Neste caso o rotor não possui número de pólos próprios, mas o número do estator induzido por este. Estes anéis podem ser providos de aletas externas que substituem o ventilador, principalmente nos de pequena potência. Isto é um dos motivos do por quê dos motores com rotor em curto-circuito serem mais compactos e de operação mais simples.



Estudo de caso econômico e financeiro da cidade de Araguari MG

A cidade de Araguari, localizada no triângulo mineiro, estado de Minas Gerais, possui 101.974 (censo/2000) habitantes. Está numa altitude média de 922 metros, possui 2.732 Km² de área. Cerca de 90% da população é servida de redes coletoras de esgoto. A zona urbana está situada dentro de cinco bacias hidrográficas:

1. Bacia do Córrego Brejo Alegre – bacia principal, onde se concentra todo esgoto coletado e corta o centro da cidade, dividindo-a em norte e sul;
2. Bacia do Córrego dos Verdes;
3. Bacia do Córrego do Desamparo;
4. Bacia do Córrego das Araras;
5. Bacia do Córrego da Lagoa Seca;

A concepção do esgotamento sanitário é reverter todo esgoto coletado para a bacia do Córrego Brejo Alegre, que possui projeto para construção de uma estação de tratamento de esgoto. No ano 2000 existiam onze estações elevatórias de esgoto operando na cidade.

O primeiro levantamento feito pelos autores foi o custo de energia mensal. Foram contempladas as faturas de energia emitidas pela Cemig. A média dos 12 meses foi de R$ 1.260,47. O pico foi no mês de fevereiro (R$ 1.804,87) com medição entre 15 jan a 15 fev, logo, em período chuvoso. Enquanto que a menor fatura foi no mês de março (R$ 1.054,84).

O projeto padrão das estações existentes é de uma estação elevatória convencional de poço úmido com conjunto moto-bomba submerso. Todo o esgoto se concentra num PV (poço de visita) à montante da EEE.

Em seguida, o esgoto é recalcado até uma caixa de descompressão, localizada em cota adequada, que permitirá seu caminhamento por gravidade até os interceptores do Córrego Brejo Alegre.

Posteriormente foi observada a localização geográfica. Após a locação de cada estação no respectivo levantamento, foi verificado que todas as EEEs estavam em cotas elevadas das respectivas bacias hidrográficas, limitando inclusive o crescimento urbano ou o atendimento à população que reside em cotas mais baixas. Outro fato importante foi que em uma única bacia existem mais de uma estação. O maior número foi encontrado na bacia do Córrego dos Verdes, com quatro EEEs.

Em seguida foram observadas as manutenções ocorridas nessas EEEs. Entre os diversos serviços relacionados foram notados o entupimento da rede, problemas no conjunto moto-bomba, bóia, painel, entre outros.

Como solução para a manutenção: foi feito novo levantamento altimétrico da região e de acordo com o levantamento planialtimétrico foi possível diminuir para apenas quatro estações. No entanto, a sugestão é que sejam quatro novas EEEs, desativando as onze existentes. Duas estações foram extintas com a construção de um interceptor de esgoto. As nove restantes serão desativadas à medida que as novas estações (localizadas em cotas mais baixas) forem construídas.
O segundo passo foi a sugestão do desenvolvimento de um projeto novo para essas estações, observando os problemas levantados. Para isso, adota-se uma estação elevatória com poço seco e conjunto moto-bomba com eixo horizontal (motores com alto rendimento). A estrutura física possui duas células distintas, que permitem o rodízio operacional, revezando o funcionamento dos conjuntos e realizando manutenções preventivas.
O estudo econômico-financeiro realizado demonstrou que em 4,5 anos o investimento inicial para construção das novas estações será recuperado, desativando as estações existentes, levando em consideração as contas de energia e manutenções corretivas realizadas. O custo para implantação das novas estações gira em torno de R$ 130 mil (cada uma), totalizando o investimento final de R$ 520 mil.


Bibliografia


BORGES, K. L. 2003. Análise e redimensionamento das estações elevatórias de esgoto no município de Araguari-MG. VII Exposição de experiências municipais em saneamento. Assemae - Associação Nacional dos Serviços Municipais de Saneamento.

PMSB. Plano de águas e ações do município de Joinville SC. Disponível em: <http://sistemaspmj.jo inville.sc.gov.br/documentos_vivacidade/1022-PMJ-PMS-RT-P008_R1_TOMO%20III.pdf>

NBR 9648 – Estudo de concepção de sistemas de esgoto sanitário. ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. Novembro/1986.

NBR 12.208 – Projeto de estações elevatórias de esgoto sanitário. ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. Abril/1992.

Pensamento verde e meio ambiente. Disponível em: <http:/ /www.pensamentoverde.com.br/meio-ambiente>.

CEDAE. Norma geral para projeto e construção de estações elevatórias de tratamento de esgoto. Disponível em: <http: //www.cedae.com.br/div/normacedaeelevatoriaesgoto.pdf>.



quarta-feira, 2 de abril de 2014

Estações elevatórias: funcionamento e aplicações

ESTAÇÕES ELEVATÓRIAS: FUNCIONAMENTO E APLICAÇÕES

BUENO, Jéssica Alves
COSTA JÚNIOR, Vandir Divino da
LIBÂNIO, Cássio Santos
MACHADO, Tatiane Ferreira
Discentes do 4º ano do curso de Eng. Civil, UFMT, Barra do Garças-MT


RESUMO

Este artigo visa estudar as aplicações e funcionamento de Estações Elevatórias sejam elas para aplicação em sistemas de água ou de esgotamento sanitário. 
As estações elevatórias são dispositivos fundamentais no que diz respeito à transposição de barreiras físicas com significativas diferenças de nível que não podem ser vencidas apenas com a força da gravidade. Baseiam-se em um sistema moto-bomba que fornece ao fluido transportado a carga necessária para transpor obstáculos.

Palavras-chave: Moto-bomba, elevatórias, esgoto


INTRODUÇÃO

Um dos componentes fundamentais para o funcionamento e implantação dos sistemas, sejam de esgotamento sanitário ou de fornecimento de água, são as estações elevatórias que por definição segundo a NBR 12.208 (1992) são instalações destinadas ao transporte de esgoto de nível do poço de sucção das bombas até o ponto do nível de descarga que se dá pelo acompanhamento das vazões do afluente. O componente principal do sistema é a bomba, responsável pelo fornecimento da carga necessária para que o sistema possa vencer os obstáculos. De modo geral, considera-se sua utilização apenas em casos últimos, por se tratar de um dispositivo de alto custo e que demanda considerável gasto de energia elétrica.

Objetivos e classificação das bombas

O principal objetivo da estação elevatória é transpor líquidos de pontos mais baixos para pontos mais elevados. Pode ser utilizada para diversas finalidades, entre elas pode-se destacar captação de água, tratamento de esgoto e dutos para fluidos.
As bombas são classificadas em duas classes principais: bombas volumétricas e turbo bombas. As bombas volumétricas são utilizadas somente quando as tubo bombas não conseguem atender as necessidades. São constituídas de câmara e órgão propulsor, que transmite energia de pressão ao líquido, fazendo-se a sucção da água. Um exemplo é a bomba tipo pistão. Já as turbobombas chamadas de bombas hidráulicas, possuem órgãos principais e auxiliares, que podem variar de acordo com o seu uso. Os órgãos principais são: rotor e difusor, órgão auxiliares: rolamentos, caixa de gaveta, acoplamentos, eixo, anéis de desgaste, base e outras. Os rotores podem ser fechados, semi-aberto ou aberto. Os fechados são utilizados para água tratada ou potável, os semi-abertos para água bruta sedimentada e os abertos para bombeamentos de águas residuais ou bruta de má qualidade.

Projeto de estações elevatórias

Para a determinação do local adequado à implantação da estação elevatória, devem ser levados em consideração os seguintes fatores, de importância ponderada em função das condições técnicas e econômicas de cada projeto:

a) desnível geométrico;
b) traçado da tubulação de recalque, conforme prescrições da NBR 12215;
c) desapropriação;
d) acessos permanentes para veículos de transporte;
e) proteção contra inundações e enxurradas;
f) estabilidade contra erosão;
g) atendimento das condições presentes e futuras;
h) disponibilidade de energia elétrica;
i) remanejamento de interferências;
j) métodos construtivos e obras para implantação de fundações e estruturas;
k) segurança contra assoreamento;
l) NPSH disponível;
m) possibilidade de carga para sucção positiva.

Deve ser fornecida a memória de cálculo do dimensionamento do conjunto motor bomba, contendo:
a) a determinação das vazões de projeto do sistema de bombeamento, levando-se em conta as condições operacionais do sistema de abastecimento. As vazões a recalcar devem ser determinadas a partir da concepção básica do sistema, conforme prescrito na NBR-12211;
b) o levantamento da curva característica do sistema de recalque;
c) o ponto de operação da bomba através de gráficos, apresentando a intersecção entre a curva característica da bomba ou a curva característica para uma associação de bombas e a curva característica do sistema de recalque;
d) os desenhos dimensionais de bombas e motores certificados, emitidos pelo fabricante e os respectivos manuais.

Devem ser especificados conjuntos motor bomba com as seguintes características:
a) tipo: centrífuga (radial);
b) com coletor em forma de caracol (voluta);
c) aspiração simples (unilateral) ou, preferencialmente, aspiração dupla (bilateral);
d) carcaça em ferro fundido partida radialmente ou partida axialmente, preferencialmente;
e) conexões flangeadas em conformidade com a ISO 2531 (NBR 7675), preferencialmente. O conjunto girante da bomba deve ser retirado sem desfazer as conexões com as tubulações;
f) rotor fechado;
g) quanto ao número de rotores: simples estágio, preferencialmente;
h) rotor em bronze, preferencialmente, ou em ferro fundido. Rotores em liga de
alumínio/silício somente poderão ser usados para bombas com potência igual ou inferior a 3 cv;
i) anéis de desgaste substituíveis em bronze, quando aplicável;
j) eixo em aço-carbono ou, preferencialmente, em aço inoxidável;
k) buchas do eixo em bronze, quando aplicável;
l) vedação por gaxetas ou selo mecânico;
m) mancais de rolamentos lubrificados a graxa. Os rolamentos devem ser protegidos por anéis de vedação para o eixo contra penetração de respingos procedentes da caixa de gaxetas;
n) quanto à disposição construtiva: horizontais ou verticais (in-line);
o) acoplamento, quando aplicável, do tipo flexível com elemento elástico de borracha e proteção mecânica contra contatos acidentais;
p) acionamento por motor elétrico trifásico, classe de isolamento “F”, fator de serviço 1,15, grau de proteção mínimo IP-55, de corrente alternada, com tensão nominal de 220 V ou 440 V, com dimensões de fixação e potências nominais em atendimento ao disposto na norma NBR 5432. Os motores com potência acima de 50 cv devem ser do tipo alto rendimento;
q) número de rotações em torno de 1750 ou 3500 rpm;
r) bomba com curva característica do tipo estável.

As bombas devem ser colocadas com o motor elétrico voltado para fora da unidade ou para via de acesso, com a finalidade de simplificar a remoção do mesmo e deve estar a uma distancia mínima de 1m de qualquer obstáculo, seja parede ou não.
Deve ser fornecida a memória de cálculo da tubulação, contendo:
a) dimensionamento do diâmetro das tubulações em função das velocidades máximas e mínimas recomendadas, das perdas de carga e de critérios econômicos;
b) cálculo da espessura da parede dos tubos em função do diâmetro, pressão do fluido, tensão admissível do material e golpe de aríete.

As plantas de tubulação devem ser desenhos feitos em escala, contendo o traçado das tubulações, representadas em projeção horizontal, com a indicação dos respectivos diâmetros. As válvulas e acessórios de tubulação devem ser representados. Nas plantas de tubulação devem figurar as elevações de todas as tubulações e as distâncias entre tubos paralelos e todas as cotas importantes da tubulação.

Além de todas as tubulações com válvulas e acessórios, esses desenhos devem também mostrar o seguinte:
a) todos os suportes de tubulação;
b) todas as bombas e os respectivos motores, com a indicação do desenho de contorno das bases dos mesmos;
c) planta baixa da estação elevatória, indicando: portas, janelas, aberturas para ventilação, linha de centro da monovia e outros elementos que se fizerem necessários;
d) relação de peças das tubulações com as respectivas especificações;
e) desenhos de projeção vertical (cortes).

Os tubos devem ser de aço-carbono segundo a norma NBR 9797, projetado para ter uma sobre-espessura para corrosão de 1,2 mm e extremidades com pontas chanfradas para solda de topo. Podem ainda ser utilizados os tubos de aço-carbono que atendam as normas NBR 5590 (ASTM A-53) ou NBR 6321 (ASTM A-106). Não devem ser utilizados tubos de ferro fundido no interior da estação elevatória.

Antes de ser iniciada a montagem de qualquer sistema de tubulações todas as bombas devem já estar instaladas sobre as suas bases. Todas as bombas devem ter bases próprias, não se admitindo que fiquem penduradas ou  suportadas pelas tubulações. Na montagem de tubulações é necessário que seja observado com o maior rigor possível o alinhamento entre as varas de tubo e as peças pré-montadas. Não é permitido que, durante a montagem, se tenha tubos ou outras peças em posição não suportada, fazendo peso ou introduzindo momentos sobre flanges de bombas. Não é permitido que se corrija desalinhamentos entre flanges através do emprego de parafusos.

Depois do aperto concluído, as porcas devem ficar completamente roscadas no corpo dos parafusos, e os estojos devem ficar com extremidades de igual comprimento sobressaindo nas porcas. Depois de terminada a montagem deve-se fazer a limpeza interna completa das tubulações, observando-se os possíveis depósitos de detritos nas sedes das válvulas e interior dos rotores de bombas, e a desinfecção usando compostos clorados em conformidade com a norma NBR 10156.

Quanto às condições gerais para o projeto devem ser fornecidos desenhos da arquitetura e urbanismo; instalação hidráulica; das fundações e superestrutura dimensionadas conforme as normas NBR 6122 e NBR 6118; das instalações elétricas de força e iluminação, dimensionadas conforme as normas NBR 1039 e NBR 5410.
A sala de bombas deve abrigar os conjuntos elevatórios, incluindo os elementos de montagem, hidráulicos e eletromecânicos complementares, os dispositivos de serviço para manobra e movimentação das unidades, em como permitir facilidade de locomoção, manutenção, montagem, desmontagem, entrada e saída de equipamentos. E o seu acesso deve estar situado acima da cota de máxima enchente para não comprometer a operação.

O piso da sala de bombas deve contar cota máxima possível, visando à drenagem por gravidade de água oriunda de grandes vazamentos, ou em casos em que o piso fica situado abaixo do nível da água do poço de sucção, o assentamento das bombas deve ser feito como para instalação sujeita a alagamentos.

Quanto ao bloco de fundação para o conjunto motor bomba, este deve ter altura mínima sobre o piso acabado de 0,3m e construído com traço de 1:2: quatro (cimento-areia-pedra britada) e armado em todos os sentidos, e possuir massa de pelo menos 5 vezes a massa do conjunto motor bomba. Entre a superfície de contato da base metálica com o bloco de fundação devem ser colocadas, ao lado dos chumbadores, placas metálicas de mesma espessura para apoio da base, sendo fixadas com argamassa junto aos chumbadores.

As alvenarias devem ser de blocos cerâmicos furados ou blocos de concreto e recomenda-se que as primeiras 3 fiadas de tijolos sejam mergulhadas em emulsão asfáltica e só após a secagem seja feito o assentamento, isto serve para evitar que a água do solo suba por capilaridade. É aconselhável utilizar argamassa utilizar argamassa pré-fabricada. A espessura da parede deve ser de 15 cm.

Estudo de caso: Implantação de elevatórias em Aragarças, GO.

Em cidades em que existe a coleta de esgoto, estima-se que em torno de 80% do consumo de água em uma residência passa a ser coletado pela rede. Assim, quase todo o volume de esgoto captado em uma rede é constituído em sua maioria por água e apenas uma pequena fração se constitui de resíduos sólidos.

A estação de tratamento faz-se necessário mesmo em municípios pequenos com redes coletoras de pequeno porte, como o município de Aragarças, no estado de Goiás, localizado a aproximadamente 430 km da capital Goiânia, onde se iniciou a implantação de uma estação de tratamento de esgoto que tem como previsão atender os diversos bairros da região, com estimativa de crescimento para os próximos anos. Assim esta rede que atende todo o município é constituída por diversos canais, ou seja, uma rede canalizada que por gravidade destina todo o resíduo até a estação de tratamento.

Para o município em questão, foram necessárias a implantação de 4 estações elevatórias para diferentes pontos da cidade, principalmente nos setores mais próximos as margens do rio Araguaia, que forma a divisa do município com o estado de Mato Grosso. Juntas formam um sistema integrado capaz de conduzir todos os resíduos gerados até a estação de tratamento que se encontra numa das partes mais altas da cidade. Para a condição apresentada pelo relevo local, uma região de planícies devido a existência de curso d’água, tornou-se indispensável a implantação das estações elevatórias. A implantação das mesmas se foi dividida em dois diferentes sistemas seguindo a orientação imposta pela avenida principal. A seu lado esquerdo duas delas conduzem o fluido das edificações as margens do rio ou próximas a ela até uma malha única e nelas é fornecida a carga necessária para que todo o esgoto chegue até seu destino final e para o lado direito o funcionamento segue o mesmo padrão.

Considerações

É inegável a importância da implantação de estações elevatórias em casos em que a diferença de nível se torna um obstáculo, entretanto para todos os casos se é conveniente o estudo prévio que de fato constate a implantação dessas sistemas em sistemas de esgoto, caso onde seu uso é mais considerado, pois esses dispositivos demandam altos investimentos bem como atenção no que diz respeito a seu funcionamento e manutenção.


Referências bibliográficas

Recesa. 2008. Esgotamento Sanitário - Operação e manutenção de estações elevatórias de esgoto. Disponível em: <http://nucase.desa.ufmg.br/wp-content/uploads/2013/07/ES-OMEE.1.pdf>. Acesso em: 21/03/2014.

Pensamento Verde. Como funciona uma estação elevatória de esgoto? Disponível em: < http://www.pensamentoverde.com.br/meio-ambiente/como-funciona-uma-estacao-elevatoria-de-esgoto/>. Acesso em 21/03/2014.

OLIVEIRA, I. Técnicas de regado. Cap. 08 – Estações Elevatórias. Disponível em: <http://www.tecnicasderegadio.info/index.php/principios-de-hidraulica/cap8-estacoes-elevatorias>. Acesso em: 21/03/2014.

CEDAE. Norma geral para projeto e construção de estações elevatórias de água. Disponível em: < http://www.cedae.com.br/div/normacedaeelevatoriaagua.pdf>. Acesso em: 21/03/2014.

CARMO JÚNIOR, G. N. R. C. Elevatórias de Esgoto Sanitário. Disponível em: <http://www.engenhariaambiental.unir.br/admin/prof/arq/SE_aula%209_2010.pdf>. Acesso em: 21/03/2014.



domingo, 30 de março de 2014

Informações estatísticas sobre esgotamento sanitário - Goiânia Goias

Informações estatísticas sobre esgotamento sanitário
Statistical information on sewage
RHAMER, Maick Garcia¹
FERREIRA, Rodrigo Azevedo²
Resumo: O saneamento básico vem sendo uma das preocupações da ONU nos últimos anos, devido 40% da população mundial não possuir acesso a esgotamento sanitário. O Brasil está em um plano de desenvolvimento de políticas de saneamento básico a partir do Plansab, e a cidade de Goiânia está com bons índices de saneamento básico. Sendo que a meta brasileira de universalização é para o ano de 2030, logo tem se muito ainda que investir e muito a desenvolver na área do saneamento básico neste pais.
Palavras-chave: Saneamento básico, esgotamento sanitário, Plansab
Abstract: Sanitation has been a concern to the UN in recent years, because 40% of the world population does not have access to sanitation. Brazil is in a development plan policies for sanitation from PLANSAB, and the city of Goiânia this with good levels of sanitation. Since the Brazilian goal of universalization is for the year 2030, soon has still much to invest, and to develop the sanitation area in this country.
Key words: Sanitation, sewerage, PLANSAB

Introdução
Saneamento básico pode ser compreendido conforme a lei 11.445/07 como conjunto de serviços, infraestruturas e instalações operacionais de: abastecimento de água, esgotamento sanitário, drenagem e manejo de águas pluviais e limpeza urbana.
O acesso as condições de saneamento básico é fundamental para a o crescimento populacional, pois propicia qualidade de vida a população e garante direitos básicos. Sendo que a falta de esgotamento sanitário pode contribuir para a proliferação de várias doenças, além do risco de contaminação da agua para consumo devido ao não tratamento do esgoto.
Nível Internacional de Saneamento Básico
O saneamento básico vem sendo uma das preocupações de liderança mundiais a anos conforme a Organizações das Nações Unidas ONU, vem buscando desde da década 70 diante das preocupações em levar agua potável aos países em desenvolvimento econômico e também potencializar o acesso à condições básicas de saneamento.
Segundo estudo publicado pela ONU em 2012 884 milhões de pessoas no mundo não tem acesso a água potável segura. Se for levado em questão a população mundial obtém-se um índice de 14% de pessoas sem acesso a água potável, sendo as dificuldades para o acesso tanto quanto geográfica como fatores políticos e financeiros.
A quantidade de pessoas que não tem acesso ao conjunto de serviços que consistem o saneamento básico de acordo com dados estatísticos publicados pela a ONU em 2012 chega a 40% da população mundial. Observa-se que a cada 10 pessoas no mundo 4 delas não possuem condições mínimas de saneamento, o que acarreta em inúmeros problemas de ordem social e saúde.
Nível Nacional de Saneamento Básico
O Brasil iniciou em 2007 um plano para levar universalização do saneamento básico no país, com o Plano Nacional de Saneamento Básico Plansab, a qual estabelece diretrizes para os municípios instituírem saneamento básico.
A distribuição de água potável no Brasil conforme pesquisa de levantamento de dados realizada pelo Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento SNIS no de 2011 atinge 82,4% da população. Em quanto o atendimento em coleta de esgoto chega a 48,1% da população, sendo que somente 37,5% deste esgoto gerado recebe algum tipo de tratamento de acordo com o SNIS.
Logo verifica-se o baixo índice de tratamento de esgoto no país, sendo que os destinos dos esgotos coletados e não tratados normalmente são rios e córregos nos municípios, potencializando a poluição dos recursos hídricos e gerando problemas para as populações que dependem dos mananciais afetados.
Em relação ao conjunto de serviços denominados saneamento básico, os índices referentes ao acesso pela população brasileira são de 75% segundo o Programa de Monitoramento realizado pela Organização Mundial de Saúde no ano de 2006, referente a população urbana e rural.
Nível de Saneamento Básico em Goiânia
O Instituto Trata Brasil classificou a cidade de Goiânia em 26ª no ranking de Saneamento Básico em uma pesquisa realizada com as 100 maiores cidades brasileiras. O Instituto classificou o estado de Goiás como o 5º colocado em relação ao índice de saneamento nacional.
A SANEAGO (Saneamento de Goiás S/A) empresa que gerencia o sistema de tratamento de águas e esgoto da cidade de Goiânia, afirma que a cidade possui quase 100% das residências regularizadas abastecidas com água tratada de acordo com levantamentos próprios da empresa. Em relação a coleta de esgoto sanitário a empresa afirma atender 74% da população, sendo que 75% do volume coletado é tratado nas estações de tratamento.
Porém a empresa afirma que a meta até o ano de 2025 é atender todos os domicílios da cidade de Goiânia com fornecimento de água tratada, e coleta e tratamento do esgoto. Logo se a Saneago conseguir atingir esta meta até o ano de 2025 levará a cidade de Goiânia a bons patamares que contribuem para o desenvolvimento econômico e social da cidade.

Recomendação pela ONU/OMS
A Organização das Nações Unidas (ONU) assegura que o tratamento de esgoto é um direito de todas as pessoas. Isso significa que:
ü  O acesso ao esgoto tratado é um direito legal, e não um bem ou serviço providenciado a título de caridade;
ü  Níveis básicos e melhorados de acesso devem ser alcançados cada vez mais rapidamente;
ü  Os “pior servidos” são mais facilmente remediados e, por conseguinte, as desigualdades mais rapidamente diminuídas.


Previsão de universalização do saneamento
Em 2011 foi assinado pela presidente Dilma Rousseff o Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab). O documento prevê metas a serem alcançadas até 2030.
Hoje, o percentual de tratamento da água é de 91% e deverá passar para 100%. Já o tratamento de esgoto, de apenas 35%, poderá chegar a 88%. Entre outros itens, o plano inclui incrementos qualitativos em abastecimento, coleta e destinação de resíduos e drenagem urbana.
De acordo com Leodegar Tiscoski, secretário nacional de Saneamento Ambiental, o montante necessário para universalizar, até 2030, o saneamento está previsto em R$ 410 bilhões. Desse total, R$ 157 bilhões vão para o esgotamento sanitário.

Influência nos sistemas de saúde
Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), 80% das doenças que ocorrem nos países em desenvolvimento são ocasionados pela contaminação da água, e que a cada ano, 15 milhões de crianças de zero a cinco anos de idade morrem direta ou indiretamente pela falta ou deficiência dos sistemas de abastecimento de águas e esgotos. Ainda hoje, no Brasil, 55,5% da população não são atendidos por rede de esgoto, sendo 48,9% da área urbana e 84,2% da área rural (segundo relatório IBGE, 2000). No Brasil, 47,8% dos municípios não têm esgoto, o que afeta diretamente a qualidade das águas de rios, mares e lagoas das cidades brasileiras (segundo relatório do IBGE, 2000).
Esse grande número de águas contaminadas ocasionam graves problemas de saúde, como já mencionado, doenças como, por exemplo, as causadas por bactérias, vírus, vermes e protozoários como amebíase, febre tifóide, giardíase, hepatite tipo C e outras.
Assim, como conseqüência dos inúmeros problemas de saúde causados por águas contaminadas em função da deficiência dos sistemas de tratamento de esgoto, surge a necessidade de se investir cada vez mais em sistemas de saúde devido a grande parcela da população afetada pelas águas contaminadas.

Considerações Finais
Observa-se que o Brasil ainda precisa melhorar bastante os níveis esgotamento sanitário. A cobertura do serviço é insuficiente e muitas vezes atende uma pequena parte da população e determinada cidade ou região.
Algumas condições básicas de saneamento ainda não são satisfeitas nem mesmo em muitas residências espalhadas pelo país. Verifica-se que faltam instalações hidráulicas sanitárias domiciliares, o que certamente prejudica muito as condições de vida dessas famílias.
Outro fator interessante é que somente uma pequena parcela de esgoto é tratado e muitas vezes os efluentes e resíduos são lançados nos cursos d’água, acarretando impactos ambientais e a contaminação da água que é utilizada pela própria população. Com isso, sérios problemas de saúde surgem em função da água contaminada, o que leva o governo a ter que investir mais em sistemas de saúde. Isso poderia ser evitado se esse investimento fosse ser simplesmente em saneamento básico.
Contudo, verifica-se que na maioria dos casos o serviço de tratamento de esgoto não chega à população em função de aspectos políticos. Pelo fato de ser um serviço com valor muito alto e que pouca gente percebe sua importância, ou seja, não gera muitos votos, os representantes políticos preferem não investir tanto nesse serviço.

Referências Bibliográficas
ONU. O direito humano a água e saneamento. Disponível em: http://www.un.org/waterforlifedcade/pdf/hman_right_to_water_and_sanitation_media_brief_por.pdf. Acesso em 10 de março de 2013
SNIS. Dados saneamento básico brasileiro. Disponível em: http://www.snis.gov.br/. Acesso em 11 de março de 2013
Saneago. Dados de saneamento básico Goiânia. Disponível em: http://www.goianiabr.com.br/2012/08/goiania-e-26-em-saneamento-no-pais.html. Acesso em 12 de março de 2013
 Consequências contaminação agua. Disponível em:  http://www.e ducacao.cc/ambien tal/contaminacao-da-agua-causas-e-consequencias/ . Acesso em 13 de março de 2013
Universalização do saneamento. http://www.tratabrasil.org.br/a-universalizacao-do-saneamento-intelog-online-editorial  Acesso em 14 de março de 2013




segunda-feira, 17 de março de 2014

Esgotamento sanitário e suas inovações tecnológicas



ESGOTAMENTO SANITÁRIO E SUAS INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS

Jessika Satiko Hirata1
Lara Celma Gomes Silva2
Silvia Teresa Pinno3
Thaís Xavier Bauer4

RESUMO: O Saneamento Básico e suas vertentes estão sendo normatizados e regularizados por meio da implementação dos PNSB e PMSB no Brasil. O Esgotamento Sanitário, que está diretamente ligado à saúde da população, deve, então, ser estudado e consolidado por meio de técnicas inovadoras comumente utilizadas mundialmente. Os recentes métodos não destrutivos de instalação de novas redes e dutos subterrâneos (Perfuração Direcional ou Guiada, Tunnel Line) e os modernos sistemas de reabilitação de redes e dutos subterrâneos (Cured-in-Place Pipe e Pipe Bursting ou Pipe Cracking) são, portanto, estudados nesta pesquisa.

PALAVRAS-CHAVE: PNSB. PMSB. Esgotamento Sanitário. Inovações Tecnológicas.




SANEAMENTO BÁSICO

Advindo de discussões e da percepção de sua necessidade no Brasil, surgiu o Plano Nacional de Saneamento Básico (PNSB), que, previsto pela Lei 11445/2007, teve seu texto final publicado apenas em dezembro de 2013. Essa lei institui diretrizes nacionais e a política federal de Saneamento Básico e o define como o conjunto de serviços, infraestruturas e instalações operacionais de abastecimento de água potável, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos e drenagem e manejo das águas pluviais urbanas (BRASIL, 2007).
Como qualquer âmbito da construção civil, o Saneamento Básico necessita de tecnologias capazes de realizá-lo de modo a resultar em obras seguras e corretas (de acordo com as normas vigentes), de reduzir o desperdício e de aumentar sua qualidade. A comunidade científica, para tanto, busca avanços e inovações de modo a aperfeiçoar as tecnologias de construção ou de reparo.


________________________________________
1 Graduanda em Engenharia Civil pela Universidade Federal de Mato Grosso, e-mail: jessika.hirata@gmail.com
2 Graduanda em Engenharia Civil pela Universidade Federal de Mato Grosso, e-mail: laracelma_12@hotmail.com
3 Graduanda em Engenharia Civil pela Universidade Federal de Mato Grosso, e-mail: silvia.pinno@hotmail.com
4 Graduanda em Engenharia Civil pela Universidade Federal de Mato Grosso, e-mail: thaisxbauer@gmail.com
 

ESGOTAMENTO SANITÁRIO

O tratamento de esgoto é indispensável. Não é possível continuar depositando todo o esgoto produzido nos mananciais hídricos superficiais brasileiros, porque a capacidade de autodepuração dos cursos d’água já não é mais eficiente, principalmente nos centros urbanos.
Entre a década de 1950 a 1960, muito pouco se investiu em esgotamento sanitário no Brasil. Nas décadas seguintes (1970 e 1980) esse aspecto teve uma melhora. Entretanto, há no país um grande déficit com relação à coleta e ao tratamento de esgoto. Atualmente o esgotamento sanitário tem recebido uma maior atenção por parte dos governantes, e recursos estão sendo disponibilizados para investir nessa área (LEONETI et al, 2011).
Como comprovado pela criação do PNSB, a infraestrutura do Saneamento Básico no país é precária e inclusive as regiões em que ela existe necessitam de obras que reparem e melhorem suas condições de funcionamento. Encontra-se, portanto, a necessidade de métodos tecnológicos e avançados para a realização desses reparos e da construção de redes coletoras e de sistemas de tratamento.
Tendo isso em vista, para a elaboração desta pesquisa investigaram-se algumas inovações tecnológicas referentes aos métodos não destrutivos de reabilitação dos sistemas de esgotamento sanitário (Cured-in-Place Pipe e Pipebursting/Pipecracking) e aos métodos não destrutivos de construção de redes coletoras (Perfuração Direcional ou Guiada e Tunnel Liner). Foca-se, portanto, nos sistemas de esgotamento sanitário.


MÉTODOS NÃO DESTRUTIVOS

Métodos não destrutivos são aqueles que suprimem ou extinguem a necessidade de escavações a céu aberto. Tendo em vista que comumente existe a necessidade de reabilitação e instalação de novos dutos e redes subterrâneas em áreas utilizadas pela população (vias públicas, por exemplo), os métodos não destrutivos têm vantagens sobre aqueles de escavação a céu aberto. Inclusive a diferença relativa entre os custos dos dois métodos dá vantagem ao primeiro, visto que a execução do último envolve complicações relativas a danos ambientais e custos sociais, retardamento de tráfego, por exemplo (ABRATT, s.d.).
Portanto, são estudados, a seguir, quatro métodos não destrutivos de instalação e reabilitação de dutos e redes subterrâneos.

MÉTODOS NÃO DESTRUTIVOS DE INSTALAÇÃO DE NOVOS DUTOS E REDES SUBTERRÂNEOS

Perfuração Direcional ou Guiada
A diferenciação entre esses dois termos é desnecessária, visto que os equipamentos responsáveis por suas execuções, atualmente, possuem capacidades semelhantes. São, também, métodos não destrutivos e suas execuções seguem duas etapas, segundo ABRATT (s.d., p. L2):
1.   Realiza-se um furo piloto ao longo do percurso projetado, por meio de máquina com alimentação de fluido, que é injetado no solo.
2. Executa-se, então, o alargamento do furo piloto, realizado no sentido inverso para que seja possível a acomodação da tubulação final.
Ainda de acordo com ABRATT (s.d., p. L1), “o traçado da perfuração pode ser reto ou ligeiramente curvo e a direção da perfuração pode ser ajustada em qualquer etapa do serviço para contornar obstáculos, passar sob rodovias, rios ou ferrovias”.
Abaixo, ilustrações sobre a técnica.

 
Figura 1 – Perfuração do furo pilo (Fonte: ABRATT)
Figura 2 – Alargamento e lançamento da tubulação final (Fonte: ABRATT)


Tunnel Liner
É o processo não destrutivo de construção de redes e dutos subterrâneos que apresenta em sua execução, simultaneamente, escavação manual do furo projetado e montagem de chapas de aço corrugado. As etapas de execução podem ser resumidas, segundo Nakamura (2012), em:
1.    Realização de sondagens à percussão para obter os parâmetros de nível do lençol freático e de Standart Penetration Test (SPT);
2.    Executa-se a escavação de poços de ataque estáveis nos quais pode ser necessária a instalação de bomba d’água elétrica submersa se houver vazamento de água de suas paredes ou do corpo dos locais escavados;
3.    Loca-se o eixo da obra e escava-se o túnel projetado;
4.    Simultaneamente vão sendo instalados os anéis de aço corrugado, cumprindo função de revestimento e contenção;
5.    Por fim, executam-se as bocas de jusante e montante em concreto.
Este não é um método novo, visto que era bastante utilizado nas décadas de 1980 e 1990, entretanto, é considerado competitivo com os outros métodos quando são exigidos menores diâmetros e trechos curtos (NAKAMURA, 2012).
A seguir, um esquema do processo.

 
Figura 3 – Esquema que mostra como o procedimento do Tunnel Liner é feito e não interfere na superfície e no tráfego. (Fonte: Armco Staco1)


________________________________________
1 – Disponível em: <http://www.armcostaco.com.br/armco/Portugues/detProduto.php?codproduto=3>. Acesso em 08 mar. 2014.


MÉTODOS NÃO DESTRUTIVOS DE REABILITAÇÃO DE REDES E DUTOS SUBTERRÂNEOS

Cured-in-Place Pipe (CIPP)
Um método não destrutivo de reabilitação de redes e dutos subterrâneos bastante utilizado no mundo atualmente, o Cured-in-Place Pipe (CIPP) é um processo relativamente simples e muito eficaz para o que se propõe e pode ser definido como a “técnica de inserção de revestimento, com cura in loco, empregando manta com resina epóxi ou de poliéster, utilizando água quente na aplicação, no interior de tubulações existentes” (PND, s.d.).
Seu objetivo é reparar tubulações inteiras ou apenas partes, de modo em que elas, reforçadas com uma “segunda tubulação” possam desempenhar suas funções normalmente. De acordo com ABRATT (s.d.), o processo da aplicação de CIPP é dado por:
1.  Inspeciona-se a rede a ser recuperada por meio de Circuito Fechado de TV (CFTV) em busca de possíveis depósitos e entulhos; executa-se, então, a limpeza cuidadosa destes materiais, buscando não infligir ainda mais danos à tubulação. Recomenda-se nova inspeção após a limpeza;
2.  Introduz-se, na tubulação, um revestimento de tecido de feltro de poliéster recoberto por resina de poliuretano, de polietileno, entre outros. Esta introdução é feita por meio de puxamento por guincho ou por processo de inversão (o revestimento é invertido por meio do tubo de inversão no momento de sua introdução na tubulação, utiliza-se ar ou água para esta inversão;
3.   Executa-se a cura da resina utilizada por meio de água (cura realizada por meio do aquecimento da água inserida no interior do revestimento e há posterior resfriamento do líquido), de luz ultravioleta (cura realizada por meio da introdução da fonte de luz ultravioleta, inflação e aplicação de pressão nas paredes do revestimento) ou da temperatura ambiente;
4.  Após a cura da resina, retiram-se os materiais que estejam dentro do tubo (água, fonte de luz ultravioleta);
5.    Aparam-se, por fim, as extremidades do revestimento.
Esse método é bastante vantajoso, tendo em vista que permite reparos pontuais, restabelece a integridade estrutural da tubulação e provoca aumento da capacidade de fluxo, uma vez que o acabamento sem rugosidade facilita a passagem dos resíduos (aumentando sua velocidade) otimiza a resistência à abrasão e à corrosão (FERNCO, s.d.).
Ilustração do método:

 
Figura 4 – Início da inversão do revestimento no tubo a ser reparado. (Fonte: ABRATT)

Figura 5 – Conclusão da inversão do revestimento. (Fonte: ABRATT)


Pipe Bursting ou Pipe Cracking
Neste método utiliza-se arrebentamento da tubulação existente ao mesmo tempo em que ocorre sua troca. Seu objetivo é substituir tubulações que apresentem capacidade inadequada em relação às solicitações ou que não admitam recuperação devido à precária situação estrutural.
“O sistema de substituição direta mais usado é o de arrebentamento da rede, no qual uma ferramenta de percussão ou um expansor hidráulico arrebenta a rede existente enquanto uma nova tubulação final é puxada ou empurrada em substituição, atrás da ferramenta” (ABRATT, s.d., p. J1).
De acordo com ABRATT (s.d.), este método executa a substituição de tubulações por meio de Arrebentamento por Percussão (Dinâmico) com Guincho Hidrostático ou por Arrebentamento com Sistema Hidráulico (Estático).
A seguir, algumas ilustrações sobre o método.

Figura 6 – Substituição de tubulações por arrebentamento por percussão (dinâmico) com guincho hidrostático. (Fonte: ABRATT)
Figura 7 – Substituição de tubulações por arrebentamento com sistema hidráulico (estático). (Fonte: ABRATT)


         ATUAL SITUAÇÃO TECNOLÓGICA EM RELAÇÃO AO ESGOTAMENTO SANITÁRIO DO BRASIL E DE MATO GROSSO

O Brasil já dispõe de empresas que oferecem a prestação de serviços de implantação dos métodos exemplificados anteriormente e, dentre elas, destacam-se O-tek, Sanit Engenharia e PND. Entretanto, em esmagadora maioria, nota-se que essa espécie de métodos é executada na região Sudeste do país, que é a mais desenvolvida tecnologicamente e a que contempla o centro econômico brasileiro. Portanto, o Estado de Mato Grosso e outros Estados brasileiros encontram-se defasados em relação à aplicação desses métodos.
Pelo PNSB, porém, percebe-se que o Saneamento Básico (incluindo o esgotamento sanitário) não recebe a devida atenção no Brasil. Mesmo que haja a obrigatoriedade da elaboração do PMSB e que sua falta provoque negação ao acesso a recursos orçamentários da União e a financiamentos federais, apenas 10,9% das Prefeituras brasileiras possuíam o PMSB em 2011, de acordo com IBGE (2011 apud BRASIL, 2013). Espera-se que esta realidade mude rapidamente e que o acordado nos PMSB’s seja realmente implantado, uma vez que ele está intrinsecamente ligado à qualidade de vida da população, visto que a instalação e a reparação dos sistemas de Saneamento Básico influenciam enormemente os índices de saúde das comunidades.
Do exposto percebe-se a importância das técnicas e métodos de construção e reabilitação dos sistemas de esgotamento sanitário. A execução correta desses métodos e o aumento de incidência desse tipo de obras beneficiam as comunidades, uma vez que sua existência previne inúmeras doenças, influenciando diretamente a saúde da população. Como todas as áreas da Engenharia, o Saneamento Básico e suas tecnologias estão em constante transição e evolução. Isso permite inferir que os profissionais de Engenharia devem buscar atualização e reciclagem de conhecimentos continuamente a fim de que não ofereçam apenas obras com ideias convencionais e pouco inovadoras.



 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABRATT. Diretrizes dos Métodos Não Destrutivos. Associação Brasileira de Tecnologia não Destrutiva. Disponível em: <http://www.abratt.org.br/diretrizes_mnd.pdf>. Acesso em: 08 mar. 2014.

BRASIL. Decreto-Lei nº 11.445, de 5 de janeiro de 2007. Estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico; altera as Leis nos 6.766, de 19 de dezembro de 1979, 8.036, de 11 de maio de 1990, 8.666, de 21 de junho de 1993, 8.987, de 13 de fevereiro de 1995; revoga a Lei no 6.528, de 11 de maio de 1978; e dá outras providências. Diário Oficial [da República Federativa do Brasil], Brasília. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ _ato2007-2010/2007/lei/l11445.htm>. Acesso em: 08 mar. 2014.

BRASIL. Ministério das Cidades. PLANSAB - Plano Nacional de Saneamento Básico. Brasília: Ministério das Cidades-Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental, 2013. Disponível em: < http://www.cidades.gov.br/images/stories/ArquivosSNSA/Arquivos_PDF/ plansab_06-12-2013.pdf>. Acesso em 08 mar. 2014.

FERNCO.  Sistema PipePatch. Manual. Disponível em: <http://www.fernco.com.br/pipepatc h/sistema-nao-destructivo>. Acesso em 08 mar. 2014.

LEONETI, A. Bevilacqua; PRADO, Eliana Leão do; OLIVEIRA Sonia V. W. Borges de. Saneamento básico no Brasil: considerações sobre investimentos e sustentabilidade para o século XXI. Revista de Administração Pública, vol. 45, n. 2 (2011).

NAKAMURA, Juliana. Execução de Tunnel Liner. Infraestrutura Urbana. 18ª ed. Set./2012. Disponível em: <http://infraestruturaurbana.pini.com.br/solucoes-tecnicas/18/artigo 265044-1.aspx>. Acesso em 08 mar. 2014.

PND. A4 – CIPP. Manual. Disponível em: < http://www.pnd-sp.com.br/pagina_meto dosnaodestrutivos_a4.shtml>. Acesso em 08 mar. 2013.